quarta-feira, 8 de maio de 2024

A (re)volta

Volto como quem naufraga, 

à procura de uma tábua para se agarrar

Volto, pois quando se olha em volta, 

não sei mais o que contar

Volto que a volta é o movimento certo

que a terra sempre faz

Volto porque também sou devoto,

e sei apenas querer mais.


Volto, em revolta me destroço

adentrando em novo mar

Volto quase como maremoto

volto para, enfim, me encontrar

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Entardecer I

Me arrasto pelos cantos, antes incapaz de dormir, para depois impossibilitado de levantar. Quem diria que minha sanidade chegaria ao ponto em que eu não consigo mais dizer o que é real e o que importa para mim. É o entardecer de um dia triste, ansioso pela noite que virá e, com ela, a solidão tão esperada. Não. Talvez eu poderia dizer que isto seria a tentativa malgrada de poema, mas é só um datilografar. Olhos cansados em frente a tela computador acompanhados por mãos e dedos na tentativa fracassada de expressar aquilo que ainda mal se compreende. Talvez seja a nostalgia pelo o tempo em que esta era uma prática constante e que então, possibilitava àquele menino uma melhor condição de se entender com o seu próprio coração...

domingo, 24 de maio de 2015

Madrugada III

Frenquentemente permaneço acordado madrugada adentro, quase até o momento de amanhecer. É como se frente à tela do computador eu estivesse à procura de uma descoberta, que me recuso em realizar à luz do dia, nas ruas da cidade que me encanta e assusta: principalmente, mais aterroriza do que encanta. Volta e meia descubro alguma coisa nova, que não parece ser de nenhuma serventia para o meio em que vivo,  meio este mergulhado no debate econômico, político e social do meu país. Estranho é pensar que aqui dentro do meu quarto nada disso me interessa, há apenas a tentativa de satisfazer alguma necessidade muito abstrata e completamente desconectada com a realidade da vida. Às vezes esqueço de comer, nada bebo, mal vou ao banheiro. Deitado em minha cama, com o notebook sobre o colo, sou algum ser etéreo a navegar por uma realidade virtual, sem qualquer interesse de interagir com seres reais ou imaginários. Leio de quase um tudo, sem nem por isso absorver alguma coisa. Sou um filho do meu tempo, com um conhecimento um tanto vasto e nada profundo sobre ciência, filosofia, cultura, religião e política. De que me servirá conhecer sem viver?

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Encantos

as estrelas que brilham no céu noturno
o trânsito dos planetas

a chuva que cai sobre a cidade
e os repentinos dias de sol
quando tudo o que se esperava
era mais um dia úmido

os gratos encontros com amigos
que lembram da gente
no momento em que são mais precisos

as palavras de qualquer poeta
que, por um segundo,
fazem todo o sentido

a certeza de que o amanhã virá
com um novo dia, nova tarde
preservando a minha sanidade
- tudo há de passar -

são estes pequenos encantos
que me fazem sonhar
e me ajudam a continuar